segunda-feira, 1 de junho de 2009

Jeff Beck Boogie Woody's Birthday [2009]





Uns dias atrás estava eu lá no meu habitat, tranqüilamente entregue aos braços de Morpheu, quando a engenhoca criada por Graham Bell toca a me acordar. “Quatro da tarde de um domingão, hora nacional do bodão, quem será o mala?” - Hello, Geoffrey Arnold is doing a collect call from England, you accepted the call? “Chamada a cobrar internacional, mas que muquirana!” Como é raríssimo o cara ligar resolvi aceitar:

- Hei Woody meu velho, Whats up?
- Vou indo Arnold, levando do jeito que dá, mas você tinha que ligar a cobrar?
- Sorry, mas o crise aqui está terrible. O que você vai fazer para comemorar o birthday?
- Aniversário! Que aniversário, tá maluco cara!? Meu aniversário é só em dezembro!
- Not your birthday ass hole! Eu estar falando do birthday da bolg.
- Putz, é mesmo! Eu tinha me esquecido, não preparei nada. E agora?
- Dame, Woody! Como você esquece um coisa assim? I was waiting para baixar uma som legal na blog and you just esquece uma day important como este!
- Foi maus cara! Agora acho que está muito em cima para se fazer algo.
- No problem Woody, I have um ideia: você baixar e comprar muitos bootlegs meus, por que não faz um compilation dos bests tracks, creating um new original Woody’s Bootlegs? Eu não gostar muito das pessoas ouvir bootlegs em vez de comprar minhas discos, but for you, vou abrir um exception, but just for the Boogie Woody’s birthday.
- Pô Arnold até que não é uma má idéia, dessa vez você não "soprou por soprar". Vou agora mesmo trabalhar nesse projeto. Valeu cara tô desligando porque isso vai ficar caro e você ligou na minha conta. Bye Arnold.
- Bye Woody.


Hehehe! É claro que tudo isso não passa da mais pura ficção, fruto da minha imaginação doentia, mas o Arnold, cujo nome completo é Geoffrey Arnold Beck, realmente existe e é mais conhecido como Jeff Beck, só que, infelizmente, nem sabe que eu existo. Escolhi-o para “fazer a festa” de aniversário do blog que completou três anos em 25 de maio. Só me liguei da data quatro dias passados e como era tarde para se fazer uma série de posts comemorativos, resolvi fazer um só, mas no capricho. Em principio parecia simples, era só selecionar uma pá de músicas, jogar tudo num CD, fazer uma capinha legal e pronto. No entanto na prática não foi bem assim. Selecionei mais de 30 bootlegs, depois reduzi o número para 17, retirando aqueles cujo áudio era de baixa qualidade, sobrando apenas os soundboards de: outtakes, gravações ao vivo e transmissões de rádio e TV. Catando uma faixa aqui e outra ali cheguei num número muito maior do que caberia num CD, ou mesmo dois. Resolvi que seriam dois CDs então, mas para selecionar as músicas certas foram precisos dois dias de muita audição e “tira e põe”. O resultado aí está, um duplo bootleg com músicas que vão desde o princípio da carreira solo, em 1967, até os dias atuais. No final, achei que ficou bom, mas depois de tanta autocrítica nisso e naquilo, se aquelas eram realmente as faixas certas, se a ordem das faixas estava boa e etc. Fiquei com uma sensação de sei lá! Acho que está bacaninha, mas gostaria de saber isso de vocês. Ouçam e comentem.






Jeff Beck Boogie Woody's Birthday

I made this record in commemoration of three years blog anniversary (was in May, 25). All the tracks are soundboard records from studio sessions, live concerts or Radio and TV Broadcasts, resulting in a very nice audio quality. The selection was take from 17 bootlegs at different times between 1967 and 2009:

  • The Steakhouse Sessions in L.A. 1997-1998 : Produced by Steve Lukather
  • Amsterdam sessions 1998
  • Jeff Beck & Stanley Clarke - Jaap Eden Hal, Amsterdam, Netherlands, July 5, 1979 (Dutch FM Radio Broadcast)
  • Ruis Rock Festival, Turku FI, August 22, 1971
  • Paris Theatre, England BBC In Concert, London - UK June 29, 1972
  • Rare, Raw, Rough and Ready - Live in Chicago October 1971
  • Best Shot - Live at Riverport Amphitheater Saint Louis, MO, Aug. 37, 1995.
  • At Last Rainbow - Rainbow Theatre, London UK, January 26, 1974
  • Prince Hotel, Karuizawa, Japan, 1 Jun 1986 (TV Broadcast )
  • Blow Your Mind - Oakdale Theater, Wallingford, CT, March 21, 1999
  • Tacoma Dome, Seattle, Washington, July 8 1984 (FM Broadcast)
  • The Final Peace, Live at Yokohama, Kanagawa, Japan, 1980.12.16 (Yokohama Culture Sports Center)
  • International Forum Tokyo, Japan, February 6, 2009
  • At the UDO Music Festival - Fuji Speedway Japan 22 July 2006
  • From PROGRESSIVE POP BBC TRANSCRIPTION LP'S 1968-1970. Rare unreleased songs.
  • Rock and Roll Hall Of Fame - Cleveland, Ohio, 5 Apr 2009
  • The Night Of The Kings - The A.R.M.S. Benefit Concert From London Royal Albert Hall, September 20th 1983

Enjoy!


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quarta-feira, 27 de maio de 2009

PAUL McCARTNEY






Eu creio que Paul McCartney é meio injustiçado por alguns, especialmente aqueles fãs dos Beatles pseudo-intelectuais que acreditam que John Lennon era a verdadeira força motriz do conjunto, que era dele que saiam todas as idéias e atitudes. Particularmente se colocarmos numa balança eu também vou pender para o lado Lennon que tem muito mais haver comigo, mas os Beatles eram um quarteto e se havia uma força motriz em destaque era a junção Lennon & McCartney (aqui a tese "os opostos se completam" é absoluta) e se Ringo tinha uma participação ínfima, não podemos ignorar George Harrison, que era, no mínimo, 20% na contribuição sonora do quarteto. Com o fim da banda parece que Paul virou vilão e John o herói, a turminha mais engajada politicamente elevava Lennon às nuvens abominando o trabalho de McCartney. Já digo e repito, eu também prefiro Lennon, mas McCartney fez discos incríveis como Ram (1971), Wild Life (1971) e depois com os Wings: Band on the Run (1973), Venus and Mars (1975), Wings Over America (1977), London Town (1978) e Back To The Egg (1979) só para citar alguns. Já John também fez discos memoráveis, mas lançou coisas pra lá de chatas, afinal quem agüenta ouvir de cabo a rabo discos como Unfinished Music, No. 2, Wedding Album e Two Virgins (todos de 1969), sem falar nos meios álbuns Some Time in New York City/Live Jam (1972) e Double Fantasy (1980), digo meio porque ele dividiu as faixas com Yoko e a parte dela é duro de escutar, não é fácil não! Não sou daqueles que metem o pau em Yoko Ono (aliás, só John Lennon tinha essa manha – hahahah), acho até que, como artista, ela tinha/tem boas idéias, mas definitivamente cantar não é para ela. Cara ela praticamente afundou a apresentação do Zappa com Lennon ("Zappa Ono Mothers", o Live Jam do Some Time in New York City) compentindo com Mark Volman, Howard Kaylan para ver quem gritava mais enquanto a banda tentava tocar alguma coisa. Se bem que, conhecendo o Zappa ele deve ter gostado e John então adorou! Enfim, voltamos ao McCartney, eu dizia que a turma do rock é injusta com o cara, pois ele é harmonioso, sabe muito bem trabalhar os arranjos e é um bom baixista sim senhor, vejam por exemplo a linhas de baixo de músicas como "Hey Bulldog", "Old Brown Shoe" e "I Want You (She's So Heavy)", elas podem ser simples tecnicamente falando, mas são matadoras. “Hahhh, mas ele só faz letras que falam de paz, amor, justiça e harmonia”, para ser franco eu prefiro ouvir esses temas do que assistir a um show dos Sex Pistols, onde eles chamavam as pessoas de babacas (no mínimo), de trouxa por terem comprado o ingresso e ainda cuspiam na cara de todo mundo.”Que do caralho!” Não vou dizer que não curti os Pistols, na verdade eu não gostava muito mesmo, mas achava legal pela revolta e a vontade de subverter a situação, porém não era a minha banda favorita, nessa seara punk eu sou muito mais Ramones, New York Dolls e The Clash antes dos Pistols. Então, para resumir, Paul McCartney pode ser pop, afinal eles praticamente inventaram a coisa, mas antes de tudo, é rock sim senhor e dos bons, quem já teve o prazer de assistir um show do cara pôde comprovar isso, até mesmo pessoas não muito fãs, afinal McCartney é um Beatle. Para reforçar a minha tese aqui vão três bootlegs, propositalmente meio recentes, com performances inesquecíveis:

  • Pizza And Fairy Tales. Com outtakes e demos de estúdio provavelmente gravados em 1985.

  • Back To The Big Egg. Gravado ao vivo no Japão em março de 1990, no show Paul está um pouco rouco o que em vez de prejudicar acabou sendo um plus a mais, porque nem rouco o cara desafina.

  • Paul McCartney - Acoustic. Este é uma compilação de faixas extraídas de uma apresentação especial para a BBC Radaio 2 chamada "Sold On Song", foi gravada nos estúdios da Abbey Road em 27 de julho, de 2005 e foi ao ar em 17 de setembro do mesmo ano. Uma pequena festa no estúdio Nº 2 presenciada por alguns amigos e um pequeno grupo de privilegiados fãs.






Paul McCartney é vegetariano e já declarou à imprensa como tomou essa decisão: "Há muitos anos, estava pescando e, enquanto puxava um pobre peixe, entendi: eu o estou matando, pelo simples prazer que isso me dá. Alguma coisa fez um clique dentro de mim. Entendi, enquanto olhava o peixe se debater para respirar, que a vida dele era tão importante para ele quanto a minha é para mim". É membro honorário e participante ativo das campanhas do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals, ou Pessoas pelo tratamento ético dos animais, em português).
Fonte Wikipédia






Na tarde de 9 de dezembro, de 1980, ao sair de um estúdio na Oxford Street, McCartney foi rodeado de jornalistas perguntando a respeito da morte de Lennon. Disse, "Eu estou chocado - isto é uma notícia terrível" acrescentando ainda que passou o dia no estúdio por não querer ficar em casa sentado sem fazer nada." Ele foi muito criticado pela frieza com que recebeu a notícia da morte de John Lennon. Quatro anos depois, numa entrevista para a revista Playboy, McCartney afirmou que ficou assistindo ao noticiário na televisão aquela noite e chorou a noite inteira. Ele relembrou ainda do seu último telefonema a John, logo após o lançamento do álbum Double Fantasy. Segundo McCartney, no telefonema Lennon disse rindo a Paul, "Esta esposa quer uma carreira!" A palavra esposa foi usada em referência ao termo esposo-Lennon, por John ter tomado conta do filho durante anos. Após a morte de Lennon, McCartney voltou ao trabalho mas ficou durante muito tempo sem tocar ao vivo. Ele explicou que isso era devido ao nervosismo de ser o próximo a ser assassinado.
Fonte Wikipédia



Paul McCartney


Pizza And Fairy Tales
Outtakes, demos and alternate takes from 1985-1987. Except for the song "Peacocks", all tracks are already available on The Alternate Press To Play Album and Return To Lindiana.

Back To The Big Egg 2005
This is really great: a new soundboard recording of a 1990 gig! Really great soundquality with the nice collection of songs
Tracks 1 - 28 Live at the Tokyo "Big Egg" Dome, Tokyo, Japan - 7. March 1990
Tracks 29 - 39 from various japanese concerts March 1990

Acoustic BBC2
Compilation extracted of the record "Sold On Song", a special show on the BBC Radio 2.
Recorded on Abbey Road Studios on July 27, 2005 and broadcasted on September 17, 2005. A little party in studio No. 2 with some friends and fans, a fantastic show to Macca's fans.




Paul McCartney - Pizza And Fairy Tales [2000]

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Paul McCartney - Back To The Big Egg [2005]

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Paul McCartney - Acoustic [2005]

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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Jimi Hendrix - Am I Blue [2004]






Muito bacana este Am I Blues, lançamento bootleg da Purple Haze Records, além de não ser a mesmice de sempre (“Purple Haze”, “Fire”, “Hey Joe”, “Foxy Lady”, “Wild Thing”...), apresentada um áudio de excelente qualidade já que as faixas são outtakes de estúdio cujos temas estão focados no blues. Entre os destaques temos a mais completa versão nunca antes lançada de “Country Blues” e “Three Little Bears”; um dos primeiros takes de “Voodoo Chile” (tirado das sessões de gravação do álbum Electric Ladyland), e uma épica studio jam com vinte e sete minutos de “Villanova Junction Blues”.

Eu ia incrementar este post falando um pouco do meu grande ídolo e herói Jimi Hendrix, afinal na guitarra ele é “o cara” e não tem para Eric Clapton, Joe Satriani, John McLaughlin, Jeff Beck, Yngwie Malmsteen, Pat Metheny, Eddie Van Halen, Scott Henderson, Jimmy Page, John Scofield… Venha quem vier, todos se curvam diante do mestre, não só reconhecendo a sua excelência, mas também se deixando influenciar por ele. Um fato até curioso levando-se em conta que Jimi não sabia sequer ler uma cifra ou nota de uma partitura, o que me faz acreditar que técnica e conhecimento ajudam, mas sem talento e sentimento não se vai a lugar algum. Jimi tinha talento de sobra além de ser puro sentimento, basta vê-lo tocando e notamos que a guitarra se torna parte de seu corpo respondendo muito mais a sua mente e coração do que a ação dos seus dedos. Então quando eu sentei para escrever entrei em cheque: o que falar sobre ele, se já disseram quase tudo e sua carreira é mais que conhecida? Aí me veio à mente a triste história da sua infância contada pela jornalista Sharon Lawrence, amiga e confidente de Hendrix, no primeiro capítulo do seu livro, “Jimi Hendrix: A Dramática História de uma Lenda do Rock”, cuja narrativa nos faz chorar de tão triste, mas é rica em detalhes e curiosidades sobre a infância do maior guitarrista de todos os tempos. Resolvi então transcrever o capítulo aqui. Aliás o lançamento (editora Zahar) é recente e pode ser encontrado com facilidade nas livrarias por aí.


Johnny/Jimmy


Ela gostava bastante de diversão. Mas não houve muita diversão em sua vida curta e infeliz. Lucille Jeter jogava para longe o sombrio véu de ansiedades que perturbava todos os adultos ao seu redor, durante a guerra, e, apesar das advertências da família, ignorava os entediantes pingos... pingos... e mais pingos da eterna chuva noturna de Seattle para sair e dançar sempre que havia oportunidade, Lucille, a "queridinha" da família Jeter, de natureza doce e ingênua, tinha um irmão e três irmãs mais velhas. Seus pais, Preston e Clarice, eram, como a maioria dos residentes negros de Seattle nos anos 1940, homens e mulheres que imigraram para o Oeste em busca de uma vida melhor, mas que haviam se decepcionado. Nascido na Virginia, Preston Jeter teve educação, mas poucas oportunidades. Trabalhou por diversas vezes como mineiro ou estivador. Sua mulher, Clarice, que nasceu em Arkansas, provia a tão necessária renda familiar esfalfando-se como faxineira e empregada domestica. Às vezes entravam em cena alguns cheques beneficentes. A religião pentecostal era o alicerce e também a vida social da senhora Jeter. Ela se preocupava e rezava por Lucille, cuja saúde sempre fora frágil. Lucille tinha tendência a se estressar. Ao ver aquela linda menina mulata agitar os pés e rir ao ser lançada para o alto enquanto dançava, Al Hendrix sentiu-se cativado. Será que ela jamais se cansava das luzes brilhantes e dos ritmos animados dos passos de jazz? Lucille adorava música!

Mas aquelas emocionantes noites na pista de dança não durariam muito tempo: semanas depois do primeiro encontro do casal, Lucille apareceu grávida e teve de se casar às pressas com Al, de 22 anos, um atraente — se não belo — galinho garnisé de pouco mais de um metro e meio de altura. Lucille disse à mãe que tinha gostado do jeito de Al sorrir para ela. O jovem marido era um cidadão norte-americano criado em Vancouver, British Columbia, que se estabelecera em Seattle vários anos antes para tentar a sorte como boxeador peso-leve no concurso Luvas de Ouro. O pai de Al, Ross Hendrix, natural de Ohio, tornou-se policial em Chicago, mas, por fim, numa estranha guinada, empregou-se como contra-regra de uma companhia de vaudeville. Casou-se com uma das dançarinas da trupe, Nora Moore, cuja mãe era uma índia cheroqui pura e o pai, um irlandês. Nora e Ross desistiram de viver viajando e resolveram começar vida nova em Vancouver. Não tardou muito e Nora deu a luz duas crianças, uma filha e James Allen Hendrix, conhecido como Al. Como sua educação fora interrompida no sétimo ano, e ele não estava preparado para um trabalho mais especializado, Al voltou-se para o dom herdado da mãe e passou a ganhar alguns dólares aqui e ali em concursos de dança. As especialidades dele eram sapateado, jazz e improvisações solo. Embora mais tarde se referisse a si próprio como membro de uma importante família do show business, sua mãe, após deixar o vaudeville, trabalhava por muitas horas na cozinha de um restaurante em Vancouver. Quando adolescente, Al também trabalhou como garçom nessa cidade. Ao se casar com Lucille, Al talvez tivesse apenas três coisas em comum com a esposa de 16 anos: ambos eram os filhos mais jovens de suas respectivas famílias, os dois adoravam dançar e tinham um filho a caminho. Poucos dias depois do casamento, em 31 de março de 1942, Al despediu-se de Lucille com um beijo. Convocado para o Exercito, foi enviado para Oklahoma, a cerca de 2500km de distância, e de lá para a Geórgia.

Lucille mal completara 17 anos quando deu a luz o primeiro filho, Johnny, em 27 de novembro de 1942. O parto ocorreu na casa de Dorothy Harding, uma grande amiga de Dolores, a irmã de Lucille. Parentes e amigos acharam engraçado que aqueles dois baixinhos concebessem um bebê tão gracioso e longilíneo.

Criar uma criança não era brincadeira. Lucille não estava preparada para enfrentar a transição de ex-colegial para mãe. Por causa da confusão reinante no Exército ela nada recebia do pagamento de Al. Não muito tempo depois do nascimento de Johnny, Preston Jeter morreu de um ataque do coração, e Clarice herdou muitos problemas financeiros. Ela amava o filho de Lucille, mas não podia cuidar dele e ainda trabalhar fora cinco dias por semana. Clarice e Dolores estavam muito preocupadas com o bem estar de Johnny, que ficava de lá para cá num círculo de parentes e amigos, e às vezes até de gente estranha, em residências de Seattle e das proximidades. Johnny nunca sabia ao certo quem "se encarregaria" dele a cada semana — e essa expressão permaneceu para sempre em sua memória. Dormia sobre travesseiros, em cestos e nas camas dos outros. Um berço de verdade foi um luxo que poucas vezes Johnny pôde experimentar. Lucille flutuava pela vida de Johnny, a mamãe que ele tanto adorava, embora não pudesse sustentá-lo ou tomar conta dele por mais de alguns dias seguidos.

Quando estava com quase dois anos e meio, o menino foi levado por uma conhecida de sua avó Clarice. Essa mulher então adoeceu de repente e morreu. A irmã dela foi da Califórnia a Seattle, onde viu o pequeno Johnny e se encantou. Aquele foi um encontro do destino, e, embora depois ele acabasse por esquecer o nome daquela mulher, ela jamais saiu de sua lembrança. A mulher se dispôs a tomar conta do menino na sua residência em Berkeley, Califórnia, durante a guerra. Lucille não se opôs. Johnny vivia agora numa casa mais bonita, um bangalô simples, a algumas quadras do campus da Universidade da Califórnia. Ali ele se sentia confortável e seguro, e pode desabrochar sob o afeto e os cuidados da mulher que o resgatara, sem mencionar as atenções da filha mais velha dela, que tinha cerca de 20 anos, e de duas alegres adolescentes. Mais tarde, Johnny iria lembrar-se de quanto gostava que lessem histórias para ele, que ficava sempre ávido por ouvir mais uma. O vocabulário de Johnny aumentou muito durante essa feliz trégua na insegurança de Seattle. "Elas me chamavam de pequeno tagarela", disse-me ele sorrindo com essas antigas lembranças.

Al Hendrix nutria certas dúvidas quanto ao seu casamento, ainda mais depois que ouviu falar que Lucille tinha um caso com outro homem. Pensava em se divorciar da jovem esposa. Algumas semanas depois de receber baixa do Exército, no final de 1945, viajou até Berkeley pela Costa Oeste para ver o filho pela primeira vez. Johnny não foi capaz de relacionar a fotografia de seu pai uniformizado, exibida com destaque na sala de estar, com o jovem sem uniforme que agora o examinava. Al permaneceu por alguns dias com os anjos da guarda de Johnny, conheceu os vizinhos do garoto e depois, quando o menino parecia acostumado com ele, embrulhou as coisas do filho e ambos embarcaram numa exaustiva viagem de trem por quase 1.300km de volta para Seattle. Anos mais tarde Johnny lembraria como chorava e soluçava quando aquele homem pouco familiar, que agora ele devia chamar de pai, quis discipliná-lo no meio da viagem: "Quero ir embora desse trem! Quero ir para casa. Deixe-me ficar em paz, quero minha familial!"

"Eu só berrava", ele me disse. “Sabia que elas me amavam, que iriam sentir minha falta."Embora os detalhes tenham se esvaecido, Johnny jamais esqueceu daquela família substituta. "Aquele foi como um pequeno sonho aconchegante em minha cabeça", diria ele já adulto.

Quando Johnny estava para completar quatro anos, o pai resolveu mudar legalmente seu nome para James Marshall Hendrix. Incomodava-o imaginar que Lucille tivesse dado aquele o nome ao filho por causa de algum namorado. Disseram ao menino que ele passaria a ser chamado de Jimmy. Isso o perturbou e confundiu, mesmo porque vinha treinando pronunciar e escrever "Johnny" em um livro infantil de alfabeto que recebera de presente em Berkeley. "O garoto", como muitas vezes se referiam a ele, tinha nomes demais. Sua tia Dolores, a irmã preocupada e protetora de Lucille, já o apelidara de Buster. Mais tarde, Johnny/Jimmy referiu-se aos primeiros anos de sua vida como "cheios de confusão". E não era fácil para ele conversar a respeito de suas lembranças da infância. Houve um período, antes de ir para a escola, em que ele, a mãe e o pai viviam todos na pequena casa da tia Dolores, como parte da própria família dela, que se tornava cada vez maior. "Tia Dolores procurava sempre melhorar as coisas", disse ele. O casamento dos Hendrix era uma união intermitente. Vez por outra, para afastar Jimmy da crescente tensão entre os pais, mandavam-no para o outro lado da fronteira, em Vancouver, British Columbia, a fim de passar curtos períodos com a mãe de Al, Nora Hendrix. Em janeiro de 1948, quando Jimmy tinha seis anos, seus pais tiveram outro filho, Leon. Nem um ano se passara, e Lucille deu a luz um terceiro menino, Joseph. Lucille sentia-se presa numa cilada. Ela era muito jovem para ser mãe de um filho, quanto mais de três. Não podia suportar que a amarrassem. Al ficava cada vez mais mandão, temperamental e controlador com o dinheiro, sempre um problema para muitos habitantes do bairro central de Seattle. Não havia mais amor ou passos de jazz para aquele casal.

O pai de Jimmy estava sempre a lhe dizer: "Saia do caminho", "Não faça bagunça", "Não seja atrevido." O menino logo aprendeu que ficar quieto e ser obediente de vez em quando evitava as desagradáveis trocas de agressão em voz alta. Al lhe dizia: "Essa mulher e uma vagabunda.” Jimmy odiava ouvir o pai falar mal de sua mãe, assim como se arrepiava ao vê-la embriagada, trôpega e trêmula. Al também não era nenhum abstêmio, e muitas vezes Jimmy soluçava sobre o velho travesseiro, sem conseguir dormir enquanto explodiam brigas horríveis a poucos metros de sua cama. "Às vezes", diria Jimmy mais tarde a um amigo, "eu ficava lá, perguntando a mim mesmo: ‘Quem sou eu? Por que isso está acontecendo? O que posso fazer?"’ Numa noite digna de pesadelo, Lucille partiu para nunca mais voltar. "Meu querido Jimmy", disse ela ao filho, "tenho de fugir disso!" Para Jimmy as palavras e as lágrimas da mãe permaneceram como uma lembrança indelével. O casal se divorciou em dezembro de 1951. Al requereu e obteve a custódia dos filhos. Providenciou, como desejava, que Joseph fosse "criado fora". Al preveniu Jimmy e Leon para que Ficassem longe de Lucille. "Ela é uma bêbada, não vale nada!"

"Não vale nada." Essas palavras também perseguiram o menino — que veio a se tornar o homem Jimi Hendrix — pelo resto da vida.
Texto retirado do livro “Jimi Hendrix: A Dramática História de uma Lenda do Rock” (The Man, The Magic, The Truth) por Sharon Lawrence, Jorge Zahar Editor Ltda.

A mãe de Jimi faleceu sete anos depois do divórcio (ela estava com 32 anos), vítima de problemas renais que resultaram no rompimento do baço. Jimi tinha 16 anos e seu pai não permitiu que ele e seu irmão fossem ao enterro, fato que o magoou muito por toda a vida. A grafia “Jimi” foi uma idéia do empresário do guitarrista no começo do Experience, ele curtiu a idéia e a partir dali Jimmy virou Jimi e entrou para história da música universal.








Jimi Hendrix - Am I Blue





Am I Blue is another studio outtakes release, mostly focusing on bluesier pieces. Highlights include more complete versions of the previously released Country Blues and Three Little Bears, an earlier take of Voodoo Chile (from the Electric Ladyland sessions), and the epic twenty-seven minute Villanova Junction Blues studio jam.




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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Z A P P A N A L E





Um amigo das gemânicas , o grande Burkhard Schempp, fã de carteirinha do mestre Franck Zappa, deu-me um toque de um super evento zappônico que vai rolar lá para aqueles lados em agosto. Se alguém for para os cantos de Hamburgo entre 12 e 16 de agosto, vale a pena conferir. Quanto a mim, como a crise está brava, vou ficando "porraqui" mesmo. Mas se alguém tiver uma passagem sobrando aceitamos de bom grado, of course!!!











quinta-feira, 7 de maio de 2009

Frank Zappa - Buffalo's Memorial Auditorium [1974]



Este foi mesmo um grande achado nas minhas andanças pelas teias da web. Atenção: não confundam este disco com o Frank Zappa Buffalo. O bicho é o mesmo, o local também, mas aquele é de um show em 1980, com Steve Vai, Ray White, Ike Willis e campainha; nasceu pirata e acabou sendo oficializado em 2007. Este é de um show de 15 de novembro, de 1974, com aquela banda fantástica formada por Frank Zappa, Tom Fowler, Chester Thompson, Ruth Underwood, Napoleon Murphy Brock e George Duke. A gravação desta apresentação não era encontrada com facilidade por aí. Na verdade, uma parte dela foi lançada no bootleg Brings Yellow Snow to Rochester & Buffalo, mas o show na integra só rolava nas mãos de poucos privilegiados e nunca chegou a ser lançado em álbum, ainda que pirata. Até que, uns dias atrás, navegando pela rede aporto no site da CROZ FM. Opa!!! Que isso aqui!!! Não!!! Não pode ser verdade, shows e entrevistas para serem ouvidos e baixados por que quiser! Mas era, está tudo lá, uma porrada de shows de mais de cem renomados nomes da música internacional, inclusive do mestre Frank Zappa. Foi assim que finalmente pude conferir essa apresentação na íntegra que recheia dois CDs. No primeiro temos clássicos como “Stinkfoot”, “RDNZL”, “Echidna's Arf”, “Penguin In Bondage”, “Uncle Meat” e outros. No segundo estão as músicas lançadas no Brings Yellow Snow to Rochester & Buffalo: “Don’t Eat The Yellow Snow”, “St. Alphonzo's Pancake Breakfast”, “Camarillo Brillo” e “More Trouble Every Day”, com direito a uma faixa bônus no final. Para festejar o achado resolvi criar uma capinha para o disco, coisa que eu não fazia há um bom tempo e que era um hábito comum no começo deste blog. Na verdade nem sei se as pessoas curtem essas capinhas, mas eu me divirto fazendo. Bueno é isso, tá esperando o que? Baixa o disco aí e vai lá na CROZ FM conferir o resto que tem muita coisa boa!






Frank Zappa - Buffalo's Memorial Auditorium


One of the problems of introducing people to Zappa’s music is that he wrote so goddamned much of it. As a result, when it comes to live performances you get all sorts of great music that was flowing from the man at the time, but not necessarily the music that that many regard as his greatest and was certainly his most popular.

This true treasure of a stereo soundboard (low-generation and so pretty much pristine, i.e. no tape hiss) was recorded when Frank was touring with musicians from one of his greatest collectives and performing mostly material drawn from his two “hit” albums from the early 70s, Over-Nite Sensation and Apostrophe (’). Now I’ll be the first fan to agree that there are tons of great songs and albums in the Zappa canon, but I think of it as part of the mandate of this site to provide music that might turn people on to an artist they otherwise might pass on, and this is the kind of show that can make converts out of people. Seriously, if you have ever thought about dipping your ears into Zappa’s wax then this is the show to get.
From: CROZ FM



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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Andy Summers - Earth + Sky [2003]




Andrew James Summers, popularmente conhecido como Andy Summers ganhou fama nos anos 80 como guitarrista do trio de rock The Police, mas não espere encontrar em Earth + Sky nada parecido com o trabalho que ele fazia em seu antigo grupo. As coisas aqui estão muito mais para uma fusão musical de estilos diversos, embora um pouco mais centrada em jazz, com alguns momentos acústicos e outros mais elétricos, na verdade é um disco que trás toda a bagagem de influências de Summers, mistura rock, jazz, experimental e até clássico. Porque apesar dele ser mais conhecido como um roqueiro, nem sempre foi assim, pois ele começou a tocar guitarra influenciado por jazzistas como Wes Montgomery, Jimmy Raney and Tal Farlow, seus primeiros trabalhos como músico foram nos clubes de jazz ingleses. Ele aprendeu tocar de forma autoditada, porém mais tarde foi estudar violão clássico por quatro anos na California State University at Northridge (CSUN) tornando-se fã de Villa Lobos. Suas primeiras gravações aconteceram com um grupo de R&B chamado Zoot Money's Big Roll Band e ele também teve uma passagem psicodélica com o Dantalian's Chariot, tocou blues com o Eric Burdon and The Animals e ainda trabalhou com uma pá de gente de estilos diferentes como Neil Sedaka, Joan Armatrading, Kevin Ayers, Kevin Coyne, Tim Rose, Jon Lord, até chegar ao Police. Depois, ainda tocou com mais uma cacetada de figuras distintas como John Etheridge, Robert Fripp, Herbie Hancock, Brian Auger, Eliane Elias, Tony Levin, Ginger Baker, Deborah Harry e Vinnie Colaiuta, que por sinal toca com ele em Earth + Sky. Não podemos esquecer também dos trabalhos com o guitarrista Victor Biglione, argentino de nascimento, mas carioca de coração com quem ele gravou dois discos Strings of Desire (1998) e Splendid Brasil (2005). Pretendo abordar mais amplamente o trabalho de Summers num post futuro, mas creio que isso já serve para se ter uma boa idéia da gama de influências e estilos que fazem parte do universo musical deste excepcional guitarrista e do tipo de música que encontramos em Earth + Sky.
Fontes: Wikipedia e AndySummers.com







Andy Summers - Earth + Sky

While guitarist for the Police, one of the most popular rock bands of all time, andy Summers never felt he had the professional oportunity to properly express his chops. Casual fans of the Police may be surprised to learn that Summers’ career did not begin with them. Born on New Years Eve, 1942 in wartime Lancashire, England. Summers recorded in the late 1960s with Eric Burdon ans the Animals and later with Joan Armatrading and Kevin Ayers. Then came the Police, where his keenly sharp sense of time and rhythm, full of reggae, ska, South African and world music ambiance made him a household name. But Summers was antsy and started recording his own in 1982, even before the Police disbanded in 1985. Over the next decade he released a string of well received, mostly art-rock recordings before he veered into the jazz arena and put out two pivotal albums: Green Chimneys – The Music Of Thelonious Monk and a recording of Charles Mingus compositions called Peggy’s Blue Skylight. Both established Summers as a bona fide jazz cat with a serious fusion jones. While Summers’ post-Police recordings head off in headier directions, he does bring his pop-y Police guitar style to bear, here and there, on his new recording. Overall, Earth & Sky effectively draws and efficiently walks a very fine line between Adult Contemporary jazz and fusion. For example, “The Diva Station” and “Parallels” will appeal to fussiest Boney James and Bill Frisell fans at the same time. On the other edge of the spectrum Summers produces an acid fusion on “Above The World” and a title cut that recalls the guitar-drumming pyrotechnics experienced on jazz improviser Jonas Hellborg’s late ‘90s Bardo recordings. Drummer Vinnie Colaiuta propels this recording powerfully. Andy Summers, for his part performs deftly both electrically and, on the organic “Roseville” and “Parallels” acoustically. Nixed at Summers’ Divine Mother Studio, the album has a warm and full sound spread fairly even over the sonic landscape. As such, along with the intelligent mix of the contemporary and fusion elements of jazz, Earth & Sky serves as a good introduction to both Summers (independent of the Police) and to jazz itself.
From: Grapevine Culture extracted from the Andy Summers official site.




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domingo, 26 de abril de 2009

Gov't Mule re-post



Live at the House of Blues [2002]



Este foi o primeiro post deste blog e parece que foi um bom começo, pois já é a segunda vez que pedem repeteco. Bem... Então aqui vai ele outra vez!



This was my first post. I think that was a good start, because they asked for to repeat second time. So… Here is another time!

sábado, 25 de abril de 2009



Cactus re-post - 3 Homemade Bootlegs




Alguém pediu e aqui está o re-post de três bons bootlegs do Cactus, uma verdadeira lenda viva (graças a Deus) do Rock'n'Roll.

Somebody asked for and here is the re-post of tree greats Cactus bootlegs, a real live legend of the Rock'n'Roll.



Jan Jankeje & Bireli Lagrene re-post


Atendendo a inúmeros pedidos de uma pessoa só, aqui está o re-post da gravação do guitarrista cigano Bireli Lagrene com o baixista eslovaco Jan Jankeje. De fato, um disco que não se vê por aí todo dia.


In view of the applications, here is a new link for this good record with Jankeje and Bireli, If you tried access and failed, is working again.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A K I K O





Para nós aqui do novo mundo, o Japão parece mais distante do que realmente é. Quando se trata de música então, a coisa fica ainda pior, pois as primeiras coisas que nos vêm à mente, são as desafinadas interpretações amadoras de nisseis, sanseis e “não sei” nos karaokês e as trilhas de fundo musical que tocam nos restaurantes japoneses para dar aquele clima oriental. Puro estereótipo fruto da desinformação ocidental, porque os nipônicos são super engajados em termos musicais e apreciam e consomem vorazmente a música dos quatro cantos do planeta já faz muito tempo. Tanto que, nas décadas de 60 e 70, quando aqui no Brasil implorávamos por algum show internacional decente, na terra do sol nascente, tocavam Beatles, Rolling Stones além dos grandes mestres do jazz e até da música brasileira. Na era do LP, eles produziam um dos melhores vinis do mundo e hoje o CD japonês é considerado o melhor. Nos catálogos japoneses, encontramos títulos de bandas do mundo todo que não existem mais nos países de origem, isso inclui a nossa música também, por sinal está lá o maior catálogo de bossa nova do planeta, estilo que eles veneram com maior ardor que muitos brasileiros.

Bem, agora que você já tirou a imagem estereotipada da cabeça, creio que já poderá apreciar a música de Akiko com outros olhos e ouvidos. Na verdade, sei muito pouco sobre ela, inclusive seu nome completo, porque ela assina apenas Akiko (nome super comum no Japão) e grande parte das informações sobre ela, estão escritas em japonês com aquelas letrinhas que se nem eles entendem direito, quanto mais a gente. Outro detalhe curioso é que seu nome, no blog oficial, aparece escrito com letra minúscula: akiko ao invés de Akiko. Meu primeiro contato com ela foi acidental, porém uma agradável surpresa: eu procurava por informações a respeito da organista Akiko Tsuruga (outra que merece um post) e acabei baixando sem saber o disco Akiko's Holiday acreditando ser de Tsuruga. Logo nas primeiras notas, percebi o engano, pois embora fosse jazz, não havia nenhum órgão Hammond soando e a moça ainda cantava, mas opa! Espera aí!! Isso aqui é bom, muito bom!!! Pensei naquele instante. Depois de ouvir o disco todo, tinha certeza de que se tratava de um excelente álbum, de uma ótima cantora e um grande achado. Então caiu a ficha e percebi que era um disco em homenagem à maravilhosa Billie Holiday, aonde Akiko não se atreveu em momento algum a imitar a lendária cantora, mostrando muita originalidade na interpretação de clássicos como “Good Morning Heartache”, “God Bless' the Child”, “Body and Soul”, “My Man”... Em algumas faixas, ela aplica um tempero de R&B moderno e até uma pitada de Hip Hop, acompanhada por alguns convidados ilustres como o trompetista Roy Hargrove e Neil Evans do Soulive. O disco, de 2003, é o terceiro da carreira dela e foi gravado em Nova York pelo selo Verve, um dos mais representativos da história do jazz. Por sinal, Akiko é a primeira cantora japonesa a lançar um disco pela Verve. Só por aí já dá para perceber que a moça não é fraca não! Em outubro do mesmo ano, explorando um pouco mais essa coisa de modernidade no jazz, ela lança em parceria com o produtor e DJ japonês Tatsuo Sunaga, o disco Mood Swings, um trabalho igualmente bom, mas que merece uma atenção para quem costuma baixar músicas na internet. É que algum Mané, não sei se por trapalhada ou por sacanagem mesmo, subiu esse disco para rede com as músicas trocadas. Essa versão se espalhou e está em vários blogs e até em alguns sites que vendem música pela internet, o que me leva a crer que são sites ilegais, pois estão vendendo gato por lebre. Mas a indústria musical anda tão preocupada com o pessoal que compartilha música gratuitamente pele rede, que até se esquece de olhar para os caras que vendem discos e faturam ilegalmente em cima dela. Então, muita gente que não saca muito de jazz, baixou o Mood Swings e até agora acredita ter esse disco quando na verdade está com uma seleção de músicas (não me lembro se todas ou só algumas) do álbum Akiko's Holiday. Eu não sou exatamente uma delas, mas também entrei de gaiato até notar que os nomes das músicas não estavam batendo com o que tocava nos falantes. O fato é que eu também não tenho o Mood Swings e se alguém por aí tiver a versão original, aceito de bom grado!


Muito cuidado ao baixar este disco nos blogs e até mesmo sites de venda de música. Uma versão falsa foi colocada on-line onde manteram os nomes das faixas, mas o que se ouve são músicas do Akiko's Holiday com os títulos trocados.



Akiko nasceu em Tóquio, Japão e começou a tocar piano quando tinha quatro anos de idade. A data do seu nascimento é um mistério tão grande quanto o seu sobrenome e não encontrei nenhuma, pelo menos nos textos em escrita ocidental que li. Nos tempos de escola, ela ouvia rock e punk como a maioria das suas colegas, mas também se interessava por outros estilos musicais como a disco music dos anos 70, rock dos anos 60, 50 e até country. Mas sua primeira fonte de inspiração musical veio da black music, como o jump & jive e o doo wop, a cantora até gravaria dois discos nesses estilos em 2006: Little Miss Jazz And Jive e Rockin'Doo Wop Jump & Jive. Mas o que pegou mesmo foi o jazz que aderiu aos 18 anos depois de ouvir Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald. Contaminada pelo vírus, começou a cantar profissionalmente nos clubes de jazz de Tóquio, quando ainda era uma estudante universitária, até ser descoberta em 2001 e assinar com a Universal Jazz (é... começou bem!). Após receber os mais elevados elogios num encontro internacional de jazz em Nova York, seguiu para Paris onde gravou o seu primeiro álbum, Girl Talk, sob a supervisão do renomado produtor francês Henri Renaud. Trabalho bastante elogiado pela crítica, alcançando o primeiro lugar no ranking da Jazz Chart in Original Confidence (uma espécie de Bill Board japonesa). Em 2002 ela gravou seu segundo disco "Hip Pop Bop" com uma abordagem um pouco mais pop e contando com a participação do trio britânico Swing Out Sister em duas faixas. Está é uma característica do trabalho dela que me agrada bastante, usando referências do passado e mesclando-as com o presente, num versátil equilíbrio entre o tradicional e a vanguarda. Daí para frente, vieram os discos comentados acima e mais outros 10 lançamentos, entre os quais uma referência à música brasileira, o álbum Vida (2007 – também não tenho esse, se alguém se dispuser...), o seu trabalho mais recente se chama What’s Jazz? Que saiu em duas edições: Style e Spirit, ambos em 2008.

Bem pessoal, isso é praticamente tudo que eu consegui saber sobre ela e 90% dessas informações foram retiradas do MySpace, onde vocês poderão conferir a discografia completa e até ouvir trinta segundos de Akiko cantando uma música em português.
Fonte: MySpace




AKIKO






Born in Tokyo. akiko started playing piano at age of 4. She started to listen to Rock and Punk music when she was a junior high school student, and then began to take her interest in various kinds of music, including 70's Disco Music, 60's Oldies and 50's Rock and Country & Western. Above all those music, she was especially inspired by old black music like Jump & Jive and Doo Wop. At age of 18, she happened to listen to Sarah Vaughan and Ella Fitzgerald, and met Jazz. Afterwards she started to sing as a pro at Jazz Club in Tokyo when she was a university student.

In 2001, akiko signed with Universal Jazz. After she had gained highest praises at International Jazz Meeting in New York, she recorded her debut album in Paris. Legendary French Producer, Henri Renaud, produced this album. Her debut album "Girl Talk" was selected as Swing Journal's Gold Disc (Seal of Approval) and ranked at 1 of Jazz Chart in Original Confidence (Japanese Bill Board). Right after the debut, akiko made success with her debut concerts in 4 major cities (Tokyo, Osaka, Nagoya and Fukuoka). And in October, she performed at Blue Note Tokyo with her trio. As the result of these aggressive activities, she won New Star Award of 2001, Swing Journal Jazz Disc Award. In 2002, akiko released her 2nd album "Hip Pop Bop" which features 2 songs produced by UK's pop unit, Swing Out Sister. The album also ranked at 1 of Jazz Chart in Original Confidence. In summer, she appeared with her own trio at several jazz festivals in Japan and captured more than 30,000 audiences. In 2003, akiko released her 3rd album "akiko's holiday" which was recorded in New York. She picked up 12 jazz standards sung by legendary singer, Billie Holiday. On several tunes, she sang modern way in R&B/Hip Hop touch, with several guests like Roy Hargrove. This album was selected as Swing Journal's Gold Disc (Seal of Approval). In October (of 2003), akiko was awarded "Defining Beauty Award" by world-famous cosmetic company "ESTÉE LAUDER". Right after receiving the award, she released her 4th album "Mood Swings". Tatsuo Sunaga, A Japanese famous DJ produced this album. With this album, akiko has started to appeal to not only jazz fans but also young audience as "The coolest jazz singer in Japan". As the result, she won Jazz Vocal Award of 2003, Swing Journal Jazz Disc Award.






In 2004, akiko collaborated with Tatsuo Sunaga again and released her 5th album "Mood Indigo". This album was awarded ADLIB magazine’s 2004 Best National Club/Dance Disc Award. In September, she performed at Tai-chung Jazz Festival in Taiwan and captured more than 6,000 audiences. In 2005, akiko released her first live album “Simply Blue” which was recorded at a jazz club, Motion Blue Yokohama. In November, She also plans to release new studio album by producing Yasuharu Konishi (ex. Pizzicato Five).

Sweet and gorgeous gifted voice...akiko is promised to be a worldwide vocalist in the near future.
From: MySpace




Akiko's Holiday [2003]

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What's Jazz? - Style [2008]

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Mood Indigo [2004 ]

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Collage [2006]

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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

THE LA'S





Dentre as boas bandas de Liverpool, que fizeram história, The Beatles é certamente a mais conhecida, por outro lado, The La’s é provavelmente a mais desconhecida. Veja bem, estou falando das bandas que fizeram história, é claro que deve existir um sem número de bandas em Liverpool que nunca ninguém ouviu falar, o que significa que The La’s não é tão ignorada assim. Eu penso que para o mainstream, ela seria uma banda underground e para o underground, ela seria mainstream. É a famosa banda quase! Aquela que quase estourou, quase chegou lá, porém acabou morrendo na praia, mas os poucos que a conhecem, costumam venerá-la como um dos melhores grupos dos anos 80. O que de fato The La’s realmente foi.




A banda foi formada em 1983, segundo Mike Badger, cantor e compositor da formação original. O nome The La’s ocorreu durante um sonho e ele curtiu porque “lads” é uma palavra usada em Liverpool para designar “caras” (rapazes), além de ter óbvias conotações musicais. Ganharam certo prestígio tocando nos bares de Liverpool e chegaram a ter algumas faixas inclusas em coletâneas locais. Lee Mavers chegou em 1984 como guitarrista rítmico, aos poucos foi escrevendo algumas canções e emergiu no grupo assumindo a linha de frente. Outro integrante importante do La’s, o baixista John Power, apareceu somente em 1986, mesmo ano em que Badger resolveu deixar a banda, mas os dois chegaram a participar juntos de uma sessão de gravação no The Attic Studio, em setembro. Naquele mesmo ano, depois de uma série de apresentações bem sucedidas em sua cidade natal, o La’s chamou a atenção de algumas gravadoras, principalmente porque uns bootlegs com gravações das demos realizadas nos estúdios de ensaio em Liverpool, começaram a circular. Esses tapes chegaram aos ouvidos de alguns selos que ofereceram um contrato de gravação e eles acabaram assinando com a Go! Discs.

A partir daí, começou uma novela com um final não muito feliz. O primeiro single, Way Out, lançado em outubro de 1987, foi mixado e produzido por Gavin MacKillop (Goo Goo Dolls, The Rembrandts, The Church...), chegando a figurar na parada entre os 100 mais e recebendo elogios do frontman dos Smiths, Morrissey, através da revista Melody Maker, mas não teve grande repercussão. Cinco mil cópias foram prensadas e acabaram se tornando um item bastante disputados pelos fãs e colecionadores. Este foi o início da carreira musical do La’s, que duraria pouco mais de cinco anos até eles espirrarem para fora dos holofotes em 1992. O motivo do fim foi justamente o primeiro álbum, que custou a sair. Lee Mavers queria controlar todas as atividades da banda e estava obcecado à procura do som perfeito, algo parecido com o que aconteceu com Brian Wilson, dos Beach Boys, no álbum Smile. Por causa disso, eles gravaram e regravaram várias vezes as mesmas músicas trocando de estúdio, produtor e até de formação, apenas Mavers e Power permaneceram. Enquanto o disco não saia, lançaram, em 1988, o single de “There She Goes”, a exemplo do primeiro lançamento a música não repercutiu muito, mas seria o maior hit da banda no futuro. Depois de trabalhar com o produtor Jeremy Allom no Pink Museum Studio, em Liverpool, a banda estava prestes a lançar o single de "Timeless Melody", em maio 1989. A música, uma das minhas prediletas, chegou a tocar nas rádios e foi apontada como “gravação da semana” pela revista britânica Musical Express. Mas o pentelho do Mavers ficou descontente com a forma que ela soava e o single não foi liberado comercialmente. O lado B desse não lançamento incluía uma versão de "Clean Prophet", que ainda permanece oficialmente não lançada, e uma blues jam chamada "Ride Yer Camel". Esse disco é extremamente raro, pois foram feitas apenas algumas prensagens de teste, nem preciso dizer que é disputado a socos, tapas e pontapés pelos tais colecionadores.





Em 1990, depois de quatro anos de trabalhos, de saco cheio com os preciosismos de Mavers e cansada de investir num álbum que não saía nunca, ainda que a contragosto do cantor, a Go! Discs resolveu que estava na hora e fez o lançamento. Aconteceu que o disco, batizado com o nome da banda, caiu nas graças da crítica e consequentemente do público, alcançando o 30º lugar nas paradas britânicas e a nova versão de “There She Goes”, incluida no álbum, ficou em 13º entre os singles, sendo até hoje a música mais conhecida do grupo. Já nos EUA as coisas não foram tão bem, ficaram em 196º lugar, entre os 200 da parada Billboard, com vendagens abaixo de 50.000 cópias, o que para indústria fonográfica é pouco (depois eles dizem que não são gananciosos - hahahaha!). Mas no Reino Unido estava tudo em casa, além do publico e da crítica, The La's ganhou também o reconhecimento do meio, sendo elogiado pelos seus conterrâneos do Echo and the Bunnymen e Noel Gallagher do Oasis, reafirmando-os como um dos grandes momentos pop do ano e aumentando as comparações com os Beatles, o que já rolava antes mesmo do lançamento. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas realmente... Parece que Mavers foi o único que não gostou nada, nada do disco, chegando a declarar publicamente que era uma droga! Mesmo assim, as datas das turnês promocionais no Reino Unido e Europa, foram cumpridas, inclusive em alguns festivais e num giro bem sucedido pelos EUA. No final de 1991, o grupo até ensaiou uma volta ao estúdio para gravar o segundo disco, mas já não havia mais clima. Powers estava cansado de andar na estrada por tanto tempo tocando sempre as mesmas canções e, no ano seguinte, resolveu deixar o grupo e montar uma nova banda, o Cast, com o qual alcançou um relativo sucesso. Já Mavers, segundo a lenda, ficou tão decepcionado com o resultado de primeiro disco, que resolveu abandonar a carreira musical. Mas em 1995, ele voltou com a banda reformulada para alguns shows, desaparecendo em seguida. Num reencontro de Powers e Mavers em 2005, ficou no ar a promessa de um novo CD, que Powers já reconheceu como algo incerto. No final das contas, mesmo com apenas um disco lançado, The La's deixou a sua marca, tornando-se ícone e uma referência para muitas bandas do indie-pop-rock inglês.
Fontes: Wikipedia, BBC, AMG.




THE LA'S



When the La's released their debut album in 1990, it made immediate waves in the British pop scene, as well as American college radio. Drawing from the hook-laden, ringing guitars of mid-'60s British pop as well as the post-punk pop of the Smiths, the La's' self-titled first album had a timeless, classic feel. It seemed like effortless music, yet that was not the case. From their inception in 1986, lead singer/guitarist/songwriter Lee Mavers was a perfectionist with a nearly obsessive eye for detail. Consequently, the La's were never able to totally fulfill their promise.

Mavers formed the group in Liverpool with bassist John Power, guitarist Paul Hemmings, and drummer John Timson. On the strength of their demo tapes, Go! Discs signed the band in 1987, releasing the single "Way Out"; it received good reviews, yet it wasn't a chart success. Similarly, the following year's "There She Goes" received good press yet stalled on the charts. With a new lineup featuring bassist James Joyce, guitarist Cammy (born Peter James Camell), and Lee's brother Neil on drums, the La's began recording their debut album that same year. The record didn't appear until 1990. Even though Mavers claimed it was rush released, the Steve Lillywhite-produced The La's received glowing reviews and strong sales; a re-released "There She Goes" entered the U.K. Top 20 and hit number 49 in America. For most of 1991, the band was on tour. At the end of the year, they went back to the studio to record their follow-up. This time, Mavers was in complete control and he took his time to perfect the album, re-recording tracks and rewriting songs. The La's disappeared without a trace from the pop music scene. Mavers and a reconstituted band resurfaced in the spring of 1995, playing a handful of supporting concerts that featured a couple of new songs.
By Stephen Thomas Erlewine AMG



The La's - The La's [1990]

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The La's - Lost La's 1984-1986 [2001]

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Cast - Beetroot [2001]

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Mike Badger - Double Zero [2000]

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