M.I.R.V. - Dancing Naked In A Minefield [1999]
Foi na virada do século, quando eu trabalhava como editor de uma revista de surfe, que descobri o som insano do M.I.R.V. Naquela época achei uma das coisas mais bacanas em que já tinha posto as orelhas, tanto que acabei fazendo uma matéria sobre eles e publicando na seção musical da revista. Hoje, passado quase dez anos, peguei o disco deles para ouvir (minha primeira importação via Amazon.com), e continuou achando o som do caralho! Resolvi resgatar a matéria e publicar aqui no blog, mas quando comecei a fazer isso notei que alguns fatos e dados estavam meio defasados de modo que, foi preciso fazer um pequeno upgrade.
Segundo o bizzaro site (que está mais on-line) desta banda da baía de São Francisco M.I.R.V. significa: 1. Multiple Independently targeted Re-entry Vehicles (Mísseis de Reentrada Múltipla Independentemente Direcionados); 2. Many Inebriated Rude Vermin (Vermin* Grotesco Muito Embriagado); 3. Mutant Industrial Rock Vaudeville (Rock Industrial Mutante de Vaudeville); 4. Men In Red Velvet (Homens em Veludo Vermelho). O grupo surgiu no início dos anos 90 como um quinteto formado por Mark Haggard (vocais e guitarra), Les Claypool do Primus, (vocais, baixo e bateria), Bryan "Brian" Mantia do Guns n’Roses (bateria), Anthony “House” Chaba do Ben Wa (baixo), e Pete Scaturro, do The Limbomaniacs (teclados). Lançaram seu primeiro disco em 1993, o álbum Cosmodrome, que para Stephen Thomas Erlewine do All Music Guide, é “uma viagem tortuosa por quase todo o tipo de subgênero do rock que se possa imaginar”. Foi um trabalho conceitual, uma ópera rock e, também, o primeiro lançamento do selo Prawn Song de Les Claypool. Por sinal, eu não tenho esse disco e se alguém por aí souber de um link ou puder me subir uma cópia, eu ficaria muito grato. Já no segundo disco, Feeding Time on Monkey Island (1997), da formação original apenas Mark permaneceu (veja os outros integrante na entrevista) assumindo a alcunha de Mirv Haggard, apesar disso, o som não mudou tanto, se mantendo totalmente maluco, uma mistura de Primus, Frank Zappa, Devo, Pavarotti e mais alguma coisa. Dá para imaginar o que é isso? Pois bem, se você respondeu que sim, ou mentiu, ou é tão louco quanto eles, só mesmo ouvindo para saber do que se trata. Por isso mesmo disponibilizo aqui Dancing Naked In A Minefield (1999), terceiro e último lançamento do M.I.R.V. (com faixas bônus do segundo álbum), que segue a mesma linha dos trabalhos anteriores onde o insano, o obsceno, o irônico e o bizzaro andam lado a lado sem o menor respeito um pelo outro. Os temas das músicas são os mais loucos possíveis, vejam vocês que eles tem uma música chamada “Chupacabras”, falando sobre um E.T. que andava aterrorizando fazendeiros do México. Lembrou algo familiar? Pois é, a música nunca chegou por aqui, mas o tal E.T. cansou da tequila e andou tomando umas cachaças em terras tupiniquim. Para Robin Zander, da revista Rolling Stones, o M.I.R.V. tem a melhor versão do clássico italiano “O Sole Mio”. Eu ainda recomendo uma orelhada em: “Santa Maria” (é puro Zappa), “Pink Elephants” e “Unabomber” (o famoso puta som!).
Atualmente o M.I.R.V. está parado e parece que não voltará, embora a possibilidade ainda exista, uma vez que seus integrantes continuam perambulando por aí. Por que não estouraram? É difícil responder, poderíamos argumentar que se trata de uma música complicada demais para o senso comum, mas se o seu co-irmão, Primus, fez sucesso com uma sonoridade até mais complexa, por que eles não conseguiram? Talvez, faltou investimento, uma divulgação mais forte, uma oportunidade real, sei lá! Uma coisa é certa. Não faltou originalidade, nem musicalidade, comparado a tantos ruidosos grupos hardcore que empestam a Califórnia, ganhando o mundo com um rock chinfrim, mal tocado, com letras idiotas e mesmo assim são aclamados como se fossem o máximo, eu diria que o M.I.R.V. está num nível infinitamente superior em todos os aspectos, é tipo de fenômeno acústico que vocês precisam conhecer antes de morrer.
Na seqüência, segue a pequena entrevista que fiz com Marc Haggard:
AW: O que vocês faziam antes?
M.I.R.V.: Craig McFarland (baixo) tocou com gigantes do metal como Strapping Young Lad e o famoso guitar hero Ronnie Montrose. Jeff Gomes (bateria) vem da banda Fungo Mungo, um grupo da área da baía de San Francisco que foi lançado mundialmente com o nome de Humungus. Bryan Kehoe (guitarra e vocais) estava no Timex Club Social e recentemente esteve fazendo backing vocal para Jerry Cantrell do Alice in Chains nas turnês solo dele. Eu vim de uma banda chamada The Limbomaniacs que teve um Cd lançado mundialmente pela Relativity Records.
AW: No primeiro disco de vocês há uma surf music chamada “Surfin’ Soviet”. Qual é a sua ligação com esse tipo de música?
M.I.R.V.: A minha única relação com esse tipo de música é que eu a ouvia constantemente em uma estação de rádio da baía de San Francisco chamada KFJC enquanto fabricava minhas próprias guitarras de rock na garagem de um lunático chamado Reverendo Jethro Gonzalez. Nós só bebíamos Coca-Cola e comíamos baguetes sentados em cima de uma máquina de cortar grama Briggs & Stratten quebrada ao som da surf music que explodia através de um sistema P.A. de 1000 watts que eu e o Reverendo havíamos comprado barato da Força Aérea. Nós éramos só “fazendeiros”.
AW: Qual é a influência de Frank Zappa na sua formação musical?
M.I.R.V.: Eu escuto Zappa desde que eu era um garotinho. O seu estilo foi incorporado naturalmente na minha musicalidade, eu acredito que o resto da banda também escutou bastante Zappa, porque dá para notar algumas semelhanças sonoras no jeito deles tocarem. Eu também tive uma banda com Larry LaLonde do Primus, o Brain e o House chamada CaCa que tocava só Frank Zappa. Nós fizemos até alguns espetáculos com o Ray White que foi um membro original da banda do Zappa.
AW: Você tem uma música chamada Chupacabras, que é uma lenda extra-terrestre que aconteceu, também, aqui no Brasil. O que você sabe sobre isso e como você conheceu a estória do Chupacabras?
M.I.R.V.: Ficamos conhecendo o Chupacabras ouvindo o apresentador de rádio Art Bell que sempre narra histórias de fenômenos bizarros.
AW: Há algumas explicações irônicas em seu site, mas o que realmente significa M.I.R.V. e por que escolheram esse nome?
M.I.R.V.: O nome significa Multiple Independently-targetable Reentry Vehicle, é um míssel nuclear que quando lançado se divide em várias ogivas que vão em diferentes direções. É como a nossa música soa, vai por vários caminhos.
Entrevista e texto de Alberto Woodward (aka Woody) publicados na revista Alma Surf #5 jun./jul. 2001.
* Vermin: creio que não existe uma tradução em português para Vermin (o mais próximo seria: praga), mas é um adjetivo usado para animais e insetos nocivos, desagradáveis e/ou nojentos, em especial aqueles de pequeno porte que geralmente são de difícil controle, como moscas, piolhos, percevejos, baratas, ratos, inclusive predadores como raposas, doninhas, coiotes e, às vezes, até lobos e ursos.
M.I.R.V. - Dancing Naked In A Minefield [1999]
M.I.R.V. is a band based in the San Francisco, California, Bay Area. Founded in 1993, it initially consisted of the band's namesake guitarist and singer Mark "Mirv" Haggard, bassist Craig McFarland, drummer Jeff Gomes, and guitarist Bryan Kehoe, who also contributed vocals and keyboards. Kehoe left the band in 2001 to form The Kehoe Nation and was replaced by Spent Poets singer Adam Gates, aka The Filthy Ape. Their musical style typically includes elements of hard rock, heavy metal, funk, country, opera, experimental, and electronica, but has also included elements from other genres, including polka, mainly due to Kehoe's love of the bouncy 3/4 style.
Kehoe era M.I.R.V shows often featured songs punctuated by interludes of lunacy, usually featuring a verbal interchange between Haggard and Kehoe. Often Haggard would announce a contest for the women in the audience, after which the winner would be cajoled into grabbing Kehoe's groin, causing him to sing in a high pitched operatic voice. Kehoe would often sing the Neapolitan standard "'O Sole Mio" following the antics. M.I.R.V. shows would regularly feature Haggard playing an electric saw during portions of the concerts. M.I.R.V.'s first album "Cosmodrome" was written and recorded mostly by Haggard and featured a character named Grandpa, later revealed to be Primus' Les Claypool, who also put the record out on his own Prawn Song label. The album features songs interspersed with skits and is generally regarded as a concept album. The next two records were released on Poison Eye, M.I.R.V.'s own label, and feature primarily music. It was these later two albums that saw the band form into a four piece touring outfit, as opposed to a studio project. The band has toured worldwide alongside acts like Jerry Cantrell, Fishbone, Primus, and has played with groups like Cheap Trick, Run DMC, Papa Roach and Nuclear Rabbit. The band's song "Monkey Boy" was featured in a Sega game console tv ad.
From: Wikepedia
Segundo o bizzaro site (que está mais on-line) desta banda da baía de São Francisco M.I.R.V. significa: 1. Multiple Independently targeted Re-entry Vehicles (Mísseis de Reentrada Múltipla Independentemente Direcionados); 2. Many Inebriated Rude Vermin (Vermin* Grotesco Muito Embriagado); 3. Mutant Industrial Rock Vaudeville (Rock Industrial Mutante de Vaudeville); 4. Men In Red Velvet (Homens em Veludo Vermelho). O grupo surgiu no início dos anos 90 como um quinteto formado por Mark Haggard (vocais e guitarra), Les Claypool do Primus, (vocais, baixo e bateria), Bryan "Brian" Mantia do Guns n’Roses (bateria), Anthony “House” Chaba do Ben Wa (baixo), e Pete Scaturro, do The Limbomaniacs (teclados). Lançaram seu primeiro disco em 1993, o álbum Cosmodrome, que para Stephen Thomas Erlewine do All Music Guide, é “uma viagem tortuosa por quase todo o tipo de subgênero do rock que se possa imaginar”. Foi um trabalho conceitual, uma ópera rock e, também, o primeiro lançamento do selo Prawn Song de Les Claypool. Por sinal, eu não tenho esse disco e se alguém por aí souber de um link ou puder me subir uma cópia, eu ficaria muito grato. Já no segundo disco, Feeding Time on Monkey Island (1997), da formação original apenas Mark permaneceu (veja os outros integrante na entrevista) assumindo a alcunha de Mirv Haggard, apesar disso, o som não mudou tanto, se mantendo totalmente maluco, uma mistura de Primus, Frank Zappa, Devo, Pavarotti e mais alguma coisa. Dá para imaginar o que é isso? Pois bem, se você respondeu que sim, ou mentiu, ou é tão louco quanto eles, só mesmo ouvindo para saber do que se trata. Por isso mesmo disponibilizo aqui Dancing Naked In A Minefield (1999), terceiro e último lançamento do M.I.R.V. (com faixas bônus do segundo álbum), que segue a mesma linha dos trabalhos anteriores onde o insano, o obsceno, o irônico e o bizzaro andam lado a lado sem o menor respeito um pelo outro. Os temas das músicas são os mais loucos possíveis, vejam vocês que eles tem uma música chamada “Chupacabras”, falando sobre um E.T. que andava aterrorizando fazendeiros do México. Lembrou algo familiar? Pois é, a música nunca chegou por aqui, mas o tal E.T. cansou da tequila e andou tomando umas cachaças em terras tupiniquim. Para Robin Zander, da revista Rolling Stones, o M.I.R.V. tem a melhor versão do clássico italiano “O Sole Mio”. Eu ainda recomendo uma orelhada em: “Santa Maria” (é puro Zappa), “Pink Elephants” e “Unabomber” (o famoso puta som!).
Atualmente o M.I.R.V. está parado e parece que não voltará, embora a possibilidade ainda exista, uma vez que seus integrantes continuam perambulando por aí. Por que não estouraram? É difícil responder, poderíamos argumentar que se trata de uma música complicada demais para o senso comum, mas se o seu co-irmão, Primus, fez sucesso com uma sonoridade até mais complexa, por que eles não conseguiram? Talvez, faltou investimento, uma divulgação mais forte, uma oportunidade real, sei lá! Uma coisa é certa. Não faltou originalidade, nem musicalidade, comparado a tantos ruidosos grupos hardcore que empestam a Califórnia, ganhando o mundo com um rock chinfrim, mal tocado, com letras idiotas e mesmo assim são aclamados como se fossem o máximo, eu diria que o M.I.R.V. está num nível infinitamente superior em todos os aspectos, é tipo de fenômeno acústico que vocês precisam conhecer antes de morrer.
Na seqüência, segue a pequena entrevista que fiz com Marc Haggard:
AW: O que vocês faziam antes?
M.I.R.V.: Craig McFarland (baixo) tocou com gigantes do metal como Strapping Young Lad e o famoso guitar hero Ronnie Montrose. Jeff Gomes (bateria) vem da banda Fungo Mungo, um grupo da área da baía de San Francisco que foi lançado mundialmente com o nome de Humungus. Bryan Kehoe (guitarra e vocais) estava no Timex Club Social e recentemente esteve fazendo backing vocal para Jerry Cantrell do Alice in Chains nas turnês solo dele. Eu vim de uma banda chamada The Limbomaniacs que teve um Cd lançado mundialmente pela Relativity Records.
AW: No primeiro disco de vocês há uma surf music chamada “Surfin’ Soviet”. Qual é a sua ligação com esse tipo de música?
M.I.R.V.: A minha única relação com esse tipo de música é que eu a ouvia constantemente em uma estação de rádio da baía de San Francisco chamada KFJC enquanto fabricava minhas próprias guitarras de rock na garagem de um lunático chamado Reverendo Jethro Gonzalez. Nós só bebíamos Coca-Cola e comíamos baguetes sentados em cima de uma máquina de cortar grama Briggs & Stratten quebrada ao som da surf music que explodia através de um sistema P.A. de 1000 watts que eu e o Reverendo havíamos comprado barato da Força Aérea. Nós éramos só “fazendeiros”.
AW: Qual é a influência de Frank Zappa na sua formação musical?
M.I.R.V.: Eu escuto Zappa desde que eu era um garotinho. O seu estilo foi incorporado naturalmente na minha musicalidade, eu acredito que o resto da banda também escutou bastante Zappa, porque dá para notar algumas semelhanças sonoras no jeito deles tocarem. Eu também tive uma banda com Larry LaLonde do Primus, o Brain e o House chamada CaCa que tocava só Frank Zappa. Nós fizemos até alguns espetáculos com o Ray White que foi um membro original da banda do Zappa.
AW: Você tem uma música chamada Chupacabras, que é uma lenda extra-terrestre que aconteceu, também, aqui no Brasil. O que você sabe sobre isso e como você conheceu a estória do Chupacabras?
M.I.R.V.: Ficamos conhecendo o Chupacabras ouvindo o apresentador de rádio Art Bell que sempre narra histórias de fenômenos bizarros.
AW: Há algumas explicações irônicas em seu site, mas o que realmente significa M.I.R.V. e por que escolheram esse nome?
M.I.R.V.: O nome significa Multiple Independently-targetable Reentry Vehicle, é um míssel nuclear que quando lançado se divide em várias ogivas que vão em diferentes direções. É como a nossa música soa, vai por vários caminhos.
Entrevista e texto de Alberto Woodward (aka Woody) publicados na revista Alma Surf #5 jun./jul. 2001.
* Vermin: creio que não existe uma tradução em português para Vermin (o mais próximo seria: praga), mas é um adjetivo usado para animais e insetos nocivos, desagradáveis e/ou nojentos, em especial aqueles de pequeno porte que geralmente são de difícil controle, como moscas, piolhos, percevejos, baratas, ratos, inclusive predadores como raposas, doninhas, coiotes e, às vezes, até lobos e ursos.
M.I.R.V. - Dancing Naked In A Minefield [1999]
M.I.R.V. is a band based in the San Francisco, California, Bay Area. Founded in 1993, it initially consisted of the band's namesake guitarist and singer Mark "Mirv" Haggard, bassist Craig McFarland, drummer Jeff Gomes, and guitarist Bryan Kehoe, who also contributed vocals and keyboards. Kehoe left the band in 2001 to form The Kehoe Nation and was replaced by Spent Poets singer Adam Gates, aka The Filthy Ape. Their musical style typically includes elements of hard rock, heavy metal, funk, country, opera, experimental, and electronica, but has also included elements from other genres, including polka, mainly due to Kehoe's love of the bouncy 3/4 style.
Kehoe era M.I.R.V shows often featured songs punctuated by interludes of lunacy, usually featuring a verbal interchange between Haggard and Kehoe. Often Haggard would announce a contest for the women in the audience, after which the winner would be cajoled into grabbing Kehoe's groin, causing him to sing in a high pitched operatic voice. Kehoe would often sing the Neapolitan standard "'O Sole Mio" following the antics. M.I.R.V. shows would regularly feature Haggard playing an electric saw during portions of the concerts. M.I.R.V.'s first album "Cosmodrome" was written and recorded mostly by Haggard and featured a character named Grandpa, later revealed to be Primus' Les Claypool, who also put the record out on his own Prawn Song label. The album features songs interspersed with skits and is generally regarded as a concept album. The next two records were released on Poison Eye, M.I.R.V.'s own label, and feature primarily music. It was these later two albums that saw the band form into a four piece touring outfit, as opposed to a studio project. The band has toured worldwide alongside acts like Jerry Cantrell, Fishbone, Primus, and has played with groups like Cheap Trick, Run DMC, Papa Roach and Nuclear Rabbit. The band's song "Monkey Boy" was featured in a Sega game console tv ad.
From: Wikepedia