A Rainha do SoulNão faz muito tempo, para ser uma grande cantora era preciso, antes de qualquer coisa, ter voz, afinação e sentimento. Se a pessoa soubesse algo sobre teoria musical e tocasse algum instrumento, melhor ainda. Depois, se ela tivesse um rostinho bonito, corpinho bacana, belas pernas e um proeminente par de seios, obviamente ajudaria, mas não era condição “sine qua non” como hoje em dia.
Pois é, atualmente, só o que importa mesmo são os quatro últimos itens, saber cantar, ter voz, talento e sentimento ajudam um pouquinho e se a pessoa não souber porra nenhuma sobre teoria musical e não tocar um instrumento é melhor ainda! Porque não dá “pitaco” na produção. Cantam o que mandarem, gravam com “maquiagem” na voz, Pro Tools, efeitos mil e o escambau. Na hora do show é só jogar um playback e está tudo certo. Vejam por exemplo a Beyonce: é uma mulher maravilhosa, de lindo rosto e curvas matadoras, um corpinho escultural digno da obra de
Auguste Rodin, mas segundo João Marcelo Bôscoli, um cara de berço musical, filho de
Ronaldo Bôscoli e
Elis Regina, e sócio da gravadora
Trama, ela não canta nada, nada, nada! E a Britney Spears então! Foi só tombar na noite e engordar um pouquinho que mídia caiu de pau em cima dela. Acham que se ela fosse uma baita cantora alguém estaria ligando para os seus escândalos e quilinhos a mais? Esses são apenas dois exemplos de milhares que encontraremos por aí entre as chamadas divas da música pop contemporânea.
Aretha Franklin - Aretha Arrives [1967]
Lá nos anos sessenta, quando Aretha Franklin surgia como uma grande estrela da música, ninguém se atrevia a usar playback nos shows, ainda não existia MTV, vídeo clip (estava engatinhando), DVD e a TV era mais voltada para novelas, jornais, programas de auditório e filmes, embora já existissem alguns bons programas dedicados à música. Enfim, imagem não era tudo. Até porque, música se ouvia nas rádios, vitrolas, casas noturnas e mesmo os grandes espetáculos musicas não tinham a pirotecnia, efeitos e outras “cositas” mais para distrair o espectador. O negócio era no gogó mesmo e para poder se destacar era preciso cantar muito! Pois a concorrência era braba, no páreo haviam
Ann Peebles,
Gladys Knight,
Esther Phillips,
Mavis Staples,
Shirley Caesar,
Marva Whitney entre outras grandes vozes. No entanto, Aretha impôs “
Respect” a ponto de ser coroada como a rainha da soul music, mas para quem a conhece, sabe que só do soul é pouco, seus domínios se estendem ao R&B, blues, gospel e ainda canta com a mesma majestade jazz, pop e rock. Sua entonação, postura, afinação e sentimento são simplesmente espantosos. Principalmente o sentimento, coisa que ela desenvolveu desde pequena, porque seu pai era pastor e, mal aprendeu a falar ela já estava engrossando o coro da igreja. Ouvir Aretha cantar gospel é de arrepiar, uma audição do álbum Amazing Grace (1972) pode transformar o mais convicto dos ateus em um fervoroso beato, tamanha é a paixão que ela impõe na interpretação. Até eu, que não sou muito chegado do estilo, gosto de ouvir o disco de vez em quando. Aleluia irmão!
Aretha Franklin - I Never Loved a Man the Way I Love You [1967]
Meu primeiro contato com a sua música aconteceu em meados dos anos 70, eu devia ter uns 16 anos e já era super ligando em música, estava sempre juntando uns trocos para comprar algum disco novo, o que eu gostava mesmo era Jimi Hendrix, The Who, King Crimson, Ten Years After, Emerson Lake & Palmer, Led Zeppelin, Pink Floyd e essas coisas. No entanto, volta e meia eu me ligava em outros sons. Em casa, além da minha coleção, que já era considerável, minha mãe também tinha uns cento e poucos discos na prateleira e uma vez ou outra, quando estava cansado de ouvir meus discos, ia fuçar a discoteca dela para garimpar algo. No geral, ela ouvia coisas que eu deplorava (e ainda deploro) como Shirley Bassey, Ray Conniff, Johnny Mathis e Paul Mauriat, só que no meio desses, haviam alguns discos que ela não ouvia muito e que provavelmente ganhou de presente. Nesse montante, eu descobri Duke Ellington, Creedence Clearwater Revival, Chubby Checker, Louis Armstrong e Aretha Franklin. Estava eu lá procurando algo para variar a audição quando me deparei com o disco This Girl's In Love With You (1970), na capa havia uma foto da Aretha tocando piano. Pensei: “vamos ver o que é isso. Selo Atlantic, o mesmo do Led e EL&P. O que diz a contra-capa? Humm, tem uma música do The Band (The Weight) e duas dos Bealtles (Let It Be e Eleanor Rigby). Não sei quem é essa mulher, mas demonstra bom gosto. O que dizem os créditos. Opa, que isso!? Duane Allman - Guitar, Steel Guitar, Slide Guitar!! Caramba, eu tenho que ouvir essa bisteca!!!” A partir daquele dia virei fã da rainha do soul. “The Weight” tinha uma interpretação bem próxima da versão original, mas com um tempero gospel-soul que lhe dava um sabor especial. O mesmo aconteceu com “Let It Be”, mas em “Eleanor Rigby” ela mudou um pouco a harmonia e ritmo da música conseguindo uma versão tão boa quanto a original. Depois disso, fui atrás de outros álbuns e o primeiro que comprei foi Soul'69 (1969). Um discaço para ninguém botar defeito, passei a comprar seus discos regularmente e cheguei a conclusão que sua melhor fase foi a dos anos 60 até começo dos 70. Na década seguinte, com o aparecimento da discoteca, Aretha entrou na onda o que me desagradou a ponto d’eu parar de me ligar em seus lançamentos, mas mesmos naqueles discos dance, sempre aparecia uma ou outra faixa que se salvava, como no caso da versão que ela fez, em 1986, de “Jump Jack Flash” acompanhada por Keith Richards e Ron Wood, para trilha sonora do filme homônimo, que no Brasil foi lançado como “Salve-me Quem Puder!”, estrelado por Whoopi Goldberg. Uma versão arrebatadora reforçando o dito popular que reza: “quem um dia foi rainha, nunca perde a majestade!”
Aretha Franklin - Lady Soul [1968]
Aretha Louise Franklin (25 de março de 1942) é uma cantora norte-americana de gospel,R&B e soul que virou ícone da música negra. Nascida em Memphis,criada em Detroit, Michigan, tornou-se a primeira mulher a fazer parte do Hall da Fama do Rock and Roll em 3 de janeiro de 1987. Muitos chamam Aretha de "Rainha do Soul" ou "Dama do Soul". Ela é reconhecida por suas habilidades na música soul e R&B, mas também é uma adepta de outros estilos musicai, sendo reconhecida como uma das melhores vocalistas da história da música por publicações como a Revista Rolling Stone e do canal de televisão VH1. Ela é a segunda cantora a possuir mais prêmios Grammy na história, atrás apenas de Allison Krauss. Aretha possui dezessete prêmios competitivos e três honorários. O estado de Michigan declarou a voz de Aretha como sendo uma maravilha natural. Apesar de todo o sucesso, Aretha possui apenas dois singles que foram para o primeiro lugar na lista dos mais vendidos dos Estados Unidos, segundo a Revista Billboard: "Respect" nos anos 1960 (sua canção mais conhecida) e "I Knew You Were Waiting (For Me)", um dueto com George Michael. No entanto, vários de seus singles já apareceram entre os 20 mais vendidos na lista daquela publicação, como "Think", "I Say a Little Prayer", "Until You Come Back to Me", "Who's Zoomin' Who?", "Freeway of Love", entre outros.
Aretha Franklin - Soul'69 [1969]
Curiosidades: * Aretha Franklin perdeu suas 2 irmãs (Carolyn e Erma) de câncer em 1985 e 2003. Seu irmão morreu em acidente de avião respondendo porque o medo de avião. * Aretha Franklin foi processada por quebra de contrato em 1984, quando ela não pôde estrelar no musical da Broadway Sing, Mahalia, Sing, (baseado na vida da cantora gospel Mahalia Jackson) porque ela estava com medo de voar de avião. * Ela foi introduzida no Hall da Fama das Mulheres de Michigan em 2001. * Aretha frequentemente convida a cantora Chaka Khan, uma de suas favoritas, para cantar em suas festas de aniversário. * Em 2006, o total de prêmios Grammy de Aretha Franklin subiu para dezessete com um prêmio de Melhor Performance Tradicional de R&B por "A House is Not a Home", um tributo a Luther Vandross incluído no CD So Amazing.Voz Tipo de Voz: Mezzo-Soprano Dramático Nota mais baixa: F2 Nota mais Aguda em Belting: D6 Nota mais aguda em cabeça:E6 Extensão Vocal: F2-E6 (3 oitavas e seis notas).Fonte: Wikipédia.Aretha Franklin - Spirit in the Dark [1970]
ARETHA FRANKLIN
The Queen Of Soul
Aretha Franklin is one of the giants of soul music, and indeed of American pop as a whole. More than any other performer, she epitomized soul at its most gospel-charged. Her astonishing run of late-'60s hits with Atlantic Records--"Respect," "I Never Loved a Man," "Chain of Fools," "Baby I Love You," "I Say a Little Prayer," "Think," "The House That Jack Built," and several others--earned her the title "Lady Soul," which she has worn uncontested ever since. Yet as much of an international institution as she's become, much of her work--outside of her recordings for Atlantic in the late '60s and early '70s--is erratic and only fitfully inspired, making discretion a necessity when collecting her records. Franklin's roots in gospel ran extremely deep. With her sisters Carolyn and Erma (both of whom would also have recording careers), she sang at the Detroit church of her father, Reverend C.L. Franklin, while growing up in the 1950s. In fact, she made her first recordings as a gospel artist at the age of 14. It has also been reported that Motown was interested in signing Aretha back in the days when it was a tiny start-up.
Aretha Franklin - This Girl's In Love With You [1970]
Ultimately, however, Franklin ended up with Columbia, to which she was signed by the renowned talent scout John Hammond. Franklin would record for Columbia constantly throughout the first half of the '60s, notching occasional R&B hits (and one Top Forty single, "Rock-a-bye Your Baby with a Dixie Melody"), but never truly breaking out as a star. The Columbia period continues to generate considerable controversy among critics, many of whom feel that Aretha's true aspirations were being blunted by pop-oriented material and production. In fact there's a reasonable amount of fine items to be found on the Columbia sides, including the occasional song ("Lee Cross," "Soulville") where she belts out soul with real gusto. It's undeniably true, though, that her work at Columbia was considerably tamer than what was to follow, and suffered in general from a lack of direction and an apparent emphasis on trying to develop her as an all-around entertainer, rather than as an R&B/soul singer.
Aretha Franklin - Live At Fillmore West [1971]
When Franklin left Columbia for Atlantic, producer Jerry Wexler was determined to bring out her most soulful, fiery traits. As part of that plan, he had her record her first single, "I Never Loved a Man (The Way I Love You)," at Muscle Shoals in Alabama with esteemed Southern R&B musicians. In fact, that was to be her only session actually at Muscle Shoals, but much of the remainder of her '60s work would be recorded with the Muscle Shoals Sound Rhythm Section, although the sessions would actually take place in New York City. The combination was one of those magic instances of musical alchemy in pop: the backup musicians provided a much grittier, soulful, and R&B-based accompaniment for Aretha's voice, which soared with a passion and intensity suggesting a spirit that had been allowed to fly loose for the first time. In the late '60s, Franklin became one of the biggest international recording stars in all of pop. Many also saw Franklin as a symbol of Black America itself, reflecting the increased confidence and pride of African-Americans in the decade of the civil rights movements and other triumphs for he Black community. The chart statistics are impressive in and of themselves: ten Top Ten hits in a roughly 18-month span between early 1967 and late 1968, for instance, and a steady stream of solid mid-to-large-size hits for the next five years after that. Her Atlantic albums were also huge sellers, and far more consistent artistically than those of most soul stars of the era. Franklin was able to maintain creative momentum, in part, because of her eclectic choice of material, which encompassed first-class originals and gospel, blues, pop, and rock covers, from the Beatles and Simon & Garfunkel to Sam Cooke and the Drifters. She was also a fine, forceful, and somewhat underrated keyboardist.
Aretha Franklin - Amazing Grace [1972]
Franklin's commercial and artistic success was unabated in the early '70s, during which she landed more huge hits with "Spanish Harlem," "Bridge Over Troubled Water," and "Day Dreaming." She also produced two of her most respected, and earthiest, album releases with Live at Fillmore West and Amazing Grace. The latter, a 1972 double LP, was a reinvestigation of her gospel roots, recorded with James Cleveland & the Southern California Community Choir. Remarkably, it made the Top Ten, counting as one of the greatest gospel-pop crossover smashes of all time. Franklin had a few more hits over the next few years--"Angel" and the Stevie Wonder cover "Until You Come Back to Me"--being the most notable--but generally her artistic inspiration seemed to be tapering off, and her focus drifting toward more pop-oriented material. Her Atlantic contract ended at the end of the 1970s, and since then she's managed to get intermittent hits -- "Who's Zooming Who" and "Jump to It" are among the most famous -- without remaining anything like the superstar she was at her peak. Many of her successes were duets, or crafted with the assistance of newer, glossier-minded contemporaries such as Luther Vandross. There was also another return to gospel in 1987 with One Lord, One Faith, One Baptism.
Aretha Franklin - Rare & Unreleased Recordings [2007]
Critically, as is the case with many '60s rock legends, there have been mixed responses to her later work. Some view it as little more than a magnificent voice wasted on mediocre material and production. Others seem to grasp for any excuse they can to praise her whenever there seems to be some kind of resurgence of her soul leanings. Most would agree that her post-mid-'70s recordings are fairly inconsequential when judged against her prime Atlantic era. The blame is often laid at the hands of unsuitable material, but it should also be remembered that -- like Elvis Presley and Ray Charles -- Franklin never thought of herself as confined to one genre. She always loved to sing straight pop songs, even if her early Atlantic records gave one the impression that her true home was earthy soul music. If for some reason she returned to straight soul shouting in the future, it's doubtful that the phase would last for more than an album or two. In the meantime, despite her lukewarm recent sales record, she's an institution, assured of the ability to draw live audiences and immense respect for the rest of her lifetime, regardless of whether there are any more triumphs on record in store.
Richie Unterberger from Aretha’s official web site.Aretha Franklin - Sunday Morning Classics [2009]