sábado, 1 de maio de 2010

BURRO MORTO





Houve um tempo, isso lá nos idos de ’70, em que eu acreditava que o nordeste era uma região de grandes expectativas na evolução musical do Brasil e, porque não, do mundo. Principalmente a Bahia onde tínhamos alguns dos maiores expoentes da nossa cultura musical, artistas como Raul Seixas, Novos Baianos, Caetano, Gil, Gal, João Gilberto, Bendegó, A cor do Som, Odair Cabeça de Poeta e Grupo Capote, Dodo e Osmar, Tom Zé e tantos outros que se perderam na poeira do esquecimento. O que viria depois só poderia ser algo espetacular, mas infelizmente foi justamente o contrário, os baianos que outrora nos mostravam sons alternativos, descobriram o mercado da música, pasteurizaram o seu carnaval e o que temos hoje é simplesmente lamentável. Não duvido que nesse meio tempo, músicos de todo nordeste, influenciados por artístas de qualidade como Quinteto Armorial, Alceu Valença, Fagner (eeeeé já foi bom), Hermeto Pascal, Jackson do Pandeiro, além dos baianos citados, tenham surgido com boa música, mas que infelizmente permaneceram apenas no âmbito regional, se muito.

Felizmente uma luz apareceu na década de 90 com o surgimento do Manguebeat misturando ritmos regionais como o maracatu, xote e baião, com rock, hip hop e música eletrônica. Uma cena que levou aos ouvidos de todo Brasil a sonoridade de Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A , Mestre Ambrósio, Sheik Tosado, Querosene Jacaré, Jorge Cabeleira, etc. Embora fosse um movimento do Recife, serviu também para chamar a atenção para outros artistas do cenário musical nordestino. Minha mais grata surpresa nessa cena foi conhecer o grupo Burro Morto, lá da Paraíba que faz um trabalho instrumental denominado por eles mesmos como psicodélico/afro-beat/progressivo. Sacou? Claro que não! Dizendo ninguém imagina o que é, e mesmo se imaginar dificilmente vai acertar, mas eu achei do caralho-alho, coisa muito bacana mesmo, tanto que estou postando aqui o EP Varadouro (2009), segundo trabalho desses cabras da peste, no bom sentido da palavra. Maiores detalhes sobre o Burro Morto seguem no texto abaixo produzido por eles e retirado do MySpace. Baixem o disco e ouçam a música que vale a pena, e se por acaso encontrarem o CD para vender por aí, comprem. Está sendo vendido por 5 merréis. Além de ser uma bela aquisição, você estará dando uma força para a boa música.

O Burro Morto surgiu mutilado, teve seus retalhos re-costurados e agora percorre os caminhos sonoros atento às cores e nuances. Respira groove, enche os pulmões de psicodelia, entorta os compassos e regurgita melodias inusitadas. A inspiração vem do sangue que passeia pelas veias negras da terra antiga, que sai de Lagos, passa pelas dunas de areia escaldante, chega a Addis Ababa, escorre pelos ouvidos jazzistas no norte, desce ao estômago do deep funk e deságua novamente no terceiro mundo. É África-Brasil, via o jazzy groove gringo.

Esse emaranhado de cabos, filtros, delays, climas, cinismo e subversão é manipulado por cinco mentes ácidas: Haley (microkorg, escaleta, orgão), Daniel Ennes Jesi (contrabaixo), Ruy José (bateria) e Léo Marinho (guitarra). Nos idos de 2007 lançaram um EP, Pousada bar, tv e vídeo, com o qual conquistaram almas e mentes worldwide.Em 2008, o grupo finalizou seu segundo EP, “Varadouro”, lançado digitalmente pelo selo californiano One Cell Records. Através da excelente repercussão do EP, o Burro Morto realizou uma bem sucedida turnê em São Paulo, tocando em casas como CB Bar, Studio SP, Berlin e Bleeckers Street, além de ter participado do projeto “Agulha, bolachão e microfone”, no Sesc Pompéia. Participou também da Feira da Música, em Fortaleza – CE, e do festival Coquetel Molotov, em Recife, um dos festivais mais renomados da cena independente. Fechando o ano, participou do Festival Universo Paralello, na Bahia. Uma de suas músicas integrou uma coletânea lançada pela Revista +Soma, a “+Soma Amplifica”, a qual teve tiragem de 10.000 cópias e foi distribuída gratuitamente em diversas capitais do país. Recentemente, o Burro Morto teve o projeto de produção do seu primeiro álbum aprovado pelo Pixinguinha, programa cultural da Funarte e Ministério da Cultura, que será executado em 2009.
MySpace






BURRO MORTO



Burro Morto was born out of a meeting of the hot, restless minds of five musicians in Parahyba, Brazil bent on exploring the sensorial possibilities of merging new sounds with old and breathing homegrown Brazilian groove and shake into the mix. The tunes that result are an evocative blend of afrobeat, jazz-rock, funk and psychedelia that bends and stretches in unexpected ways, vibrating with a lysergic energy that could threaten the sanity of your hips were it not all so well-contained in the musical sensibility of the land of the Gilbertos.

The co-conspirators in this confusion of plugs, delays, filters and oscillators are Haley (keyboards, melodica), Daniel Ennes Jesi (bass), Nacho Gonçalves (percussion), Ruy José (drums) and Leo Marinho (electric guitar). Last year, they released an EP, “Pousada bar, tv & video”, that contains the first sketches of their sound, and was laced with subliminal promise for the next record. On their first full-length album, Varadouro, that promise is kept in a lush, exotic musical package that expands on Pousada bar, tv & video with Brazilian aplomb. The band is currently nesting in its den, stretching the limits of its creative imagination, and committing the results to magnet for the sake of art and Brazil.
From MySpace



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4 comentários:

  1. Muito bom esses guris do Burro Morto. Gostei.

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  2. É mister Blue Light, eles são uns "cabras da moléstia", mas são cabras bons!!

    [ ]s
    WOODY

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  3. Graaaaaaaaaaande Woooooooody!!
    Cara, esse eu já tinha pescado de outras águas e achei simplesmente fantástico! Como se não bastasse a sonzeira mega-eclética dos caras, as piadas da intro e do fim da música 'Menarca' são ducarái! rsrsrsrsrs
    Abração, maluKo!
    ML

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  4. Pois não é bom Maddy?

    Os caras mandam muito bem.
    De morto esse burro, não tem nada. É para burro até está bem esperto! Hahahah!

    [ ]s
    WOODY

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