Jimmie Vaughan é o irmão mais velho do saudoso Stevie Ray Vaughan, sendo um dos seus maiores incentivadores e, segundo o próprio Stevie, uma de suas influências na guitarra, apesar do estilo bem mais calmo e modesto do primogênito, em contraste com o virtuosismo nervoso do caçula. Pouco tempo antes do trágico acidente de helicóptero que vitimara o irmão, eles gravaram juntos, como os Vaughan Brothers, um disco chamado Family Style que, embora classificado apenas como mediano pela crítica, para mim é uma obra prima do gênero. No final dos anos 70, Jimmie formou ao lado do vocalista e gaitista Kim Wilson uma das minhas banda favoritas, o Fabulous Thunderbirds, grupo texano que fazia blues, blues-rock e rock’n’roll de primeiríssima qualidade.
Apesar de ter nascido no Mississipi, Omar Kent Dykes é guitarrista e cantor do grupo texano Omar & the Howlers. Depois de concluir os seus estudos ele se mudou com a família para Austin, Texas, aonde conheceu Stevie Ray Vaughan que, segundo a lenda, por um curto espaço de tempo tocou com ele no início do the Howlers. Essa banda, que gravou seu primeiro disco em 1980 (Big Leg Beat), existe até hoje. Não é bem conhecida por aqui, mas é muito querida nos EUA, em especial no Texas, sendo uma espécie de cult em alguns locais da Europa.
Mathis James Reed, mais conhecido como Jimmy Reed, nasceu em 6 de setembro de 1925, em Dunleith, no Mississipi. Aprendeu a tocar gaita e violão com seu amigo Eddie Taylor, igualmente um renomado bluesman. Na década de 1950, Reed tinha se estabelecido como um popular músico local e freqüentemente tocava na banda de John Brim, "The Gary Kings" e nas ruas, ao lado de Willie Joe Duncan. Ele tentou, mas não conseguiu um contrato com a Chess Records, principal selo de blues naquele tempo, assinando em seguida com a Vee-Jay Records, graças à ajuda do então baterista Albert King. Nessa época ele se encontrou novamente com Eddie Taylor, que passou a tocar com Reed até a sua morte em 1976, na Califórnia. O alcoolismo foi um empecilho para que sua carreira alcançasse vôos mais altos, mesma assim ele se tornou uma verdadeira lenda entre os bluesmans e suas músicas foram gravadas por gente grande do naipe dos Rolling Stones, John Mayall, Eric Clapton, Johnny Winter... Mais detalhes sobre a vida e obra de Jimmy Reed, você vai encontrar no blog Blues Everyday, de onde eu retirei as informações deste parágrafo.
Feita a apresentação dos personagens principais desta postagem, deixo vocês com o texto de Joe Nick Patoski, feito para a Ruf Records por ocasião do lançamento de On the Jimmy Reed Highway, geltimente traduzido aqui pelo meu amigo, baterista, músico, poeta e maluco por opção Bernardo Gregori:
A Jimmy Reed Highway é uma via imaginária de acesso bastante trafegada e rica em lendas por todo o sul dos Estados Unidos, assim como o mítico cruzamento (Crossroads) de Robert Johnson. Ela flui dentro das mentes de homens e mulheres de certa idade, cor de pele e local que cresceram durante uma era de segregação desfiando seus pais, a lei e todas as refinadas propriedades e etiquetas da época, respondendo ao convite de um bluesman para cruzar a barreira da cor, e juntar-se a ele, se tornado mal-educados e sujos enquanto ele cantava. Para eles, o som gutural e incompreensível vindo de um espertalhão cantando “cale-se, cale-se!” – "Hush, Hush," – maldizendo “o chefão” – "Big Boss Man" – ou aconselhando os seus ouvintes a “conseguir um seguro” –"Take Out Some Insurance" – antes de ver as fortes luzes da cidade grande – "Bright Lights, Big City" era um forte chamado ao qual não poderiam se negar a respondê-lo. Mesmo se eles tentassem, não conseguiriam resistir ao firme e sujo ritmo pontuado pela vibrante e perfurante nota de uma guitarra elétrica acompanhada pelo doce lamento da gaita. E quando o público se colocava bem próximo, podia ouvir até a quase imperceptível voz de uma *mulher sussurrando nos seus ouvidos as letras, quando quer que fossem esquecidas.
Ninguém é capaz de fazer o que Jimmy Reed fazia, da forma como Jimmy Reed fazia. Mas neste percurso ao longo da Jimmy Reed Highway, conduzido por Jimmie Vaughan e Kent "Omar" Dykes, na companhia de caras como Kim Wilson, Miss Lou Ann Barton, James Cotton, Delbert McClinton, e Gary Clark, Jr., chegaram bem perto. Quando Omar dá a partida, cantando pneu nesta via asfaltada de duas faixas, forrada de mulheres não muito católicas, garrafas de whisky vazias, bitucas de cigarro em excesso e más intenções, ele deixa **John Law tentando segui-lo, mas comendo poeira.
* Devido ao alcoolismo, muitas vezes Jimmy esquecia as letras das músicas que ele mesmo escrevera, sua mulher ficava perto dele durante as apresentações e sussurrava as letras ao seu ouvido.
** John Law (João da Lei) = polícia rodoviária.
Omar Kent Dykes & Jimmie Vaughan - On the Jimmy Reed Highway
The Jimmy Reed Highway is a well-traveled thoroughfare as storied and rich in legend throughout the southern United States as Robert Johnson's mythical Crossroads. It runs through the minds of men and women of a certain age, complexion, and place who grew up during the era of segregation and who defied their parents, the law, and all genteel propriety and custom by answering one bluesman's invitation to cross the color line and join him getting lowdown and dirty as he serenaded a generation from the bandstand, on jukeboxes, and through the radio.
To them, the slurred guttural sound of a wise man singing "Hush, Hush," putting down the "Big Boss Man" or advising the listener to "Take Out Some Insurance" before they behold the "Bright Lights, Big City" was a siren's call they had no choice but to answer. Even if they tried, they couldn't resist the steady, dirty rhythm punctuated by the twanging sting of an electric guitar note and the sweet wail of a harmonica. And when they leaned in close, they could even hear the barely perceptible sound of a woman's voice whispering forgotten lyrics
into an ear.
Ain't nobody can do Jimmy Reed like Jimmy Reed could. But this drive down Jimmy Reed Highway with fellow Mississippian Kent "Omar" Dykes at the wheel with Jimmie Vaughan riding shotgun and folks like, Kim Wilson, Miss Lou Ann Barton, James Cotton, Delbert McClinton, and Gary Clark, Jr., joining the duo, comes mighty close. As Omar guns the engine and peels rubber on the two-lane blacktop lined with no-good women, empty whiskey bottles, too many cigarette butts and bad intentions, he leaves John Law trailing behind eating his dust. Hop in for a ride and turn up the volume. The electric bluesman who shaped the minds and moves of a musical generation is alive and well.
by Joe Nick Patoski, release notes at Ruf Records
Omar Kent Dykes & Jimmie Vaughan - On the Jimmy Reed Highway
levente
Eae brother!
ResponderExcluirPost legal cara!
Curti seu blog, vou adicionar um link no meu blog.
Abração!
o meu eh esse: http://bluesderaiz.blogspot.com
Véi Woody,
ResponderExcluirSensacional! J Vaughan é sinônimo de qualidade, ainda mais com esse 'bônus' do Jimmy Reed.
Baixando já!
Valeu!
Abração.
ML
Thanks Mr. Woody for this great share.
ResponderExcluirRegards , Martin
Bem Lucas,
ResponderExcluirnão sou um especialista em blues como vc, mas sou um fervoroso amante do estilo.
Obrigado pela visita e comentário.
WOODY
Grande Maddy!
ResponderExcluirO Jimmie Vaughan pode não ser tão virtuoso quanto o irmão mas tem muito rítmo e estilo, está muito bem acompanhado, pois esse tal de Omar tem uma voz muito boa além de bela pegada na guitarra (prometo um futuro post). Já Jimmy Reed dispensa maiores comentários! Pode baixar sem medo que é o que há de melhor no gênero.
Martin,
ResponderExcluiryou are welcome!
Thanks for your comment.
Best wishes,
WOODY
Isto é um trabalho para o Super Homem!
ResponderExcluirClark Kent
Vai tranqüilo S.H. que o material é "Kent" e não rola kriptonita!
ResponderExcluirThis one has been deleted. :(
ResponderExcluirCould someone please repost?
Thanks!
Se ha suprimido este archivo. ¿Podría alguien satisfacer el repost? ¡Gracias!
ResponderExcluirEsta lima foi suprimida. Poderia alguém satisfazer o repost? Obrigado!
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